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"Não tenha pressa. Mas não perca tempo". (José Saramago)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016









O Bom Dia de hoje tem a participação da desembargadora Cíntia Táffari. Ela indica o livro “Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado”, que narra, sob o ponto de vista infantil, como é a experiência da guerra.  

São 224 páginas escritas por Ishmael Beah, que foi uma das mais de 300 mil crianças atuantes nos campos de batalha durante cinquenta conflitos ocorridos nos últimos anos. Beah fez um registro do momento em que sua infância se cruzou com as armas do exército e como essa aproximação mudou sua vida. 

Além da dica, a magistrada escreveu um comentário sobre a obra. Confira abaixo e veja se “Muito longe de casa” entrará na sua lista de próximas leituras:  

“HORROR. ESPERANÇA. Emoções contraditórias. Difícil será escolher qual prevaleceu ao fecharmos o livro. Através de ambas, captamos a juventude do escritor, milagrosamente preservada apesar do amadurecimento prematuro. Pela frente, vislumbramos o imenso trabalho institucional de resgate das novas gerações das garras da violência insana em países distantes - e não tão distantes, em diversos continentes. No caso, África, Serra Leoa. 

Poderia ser Oriente Médio, Europa Oriental. Quão longe do Rio de Janeiro de nossos dias? Ou de nossa Grande São Paulo? Informações que relutamos em absorver.  

Magistrados e Servidores, dedicamo-nos em nossas diversas áreas de atuação, a proteger essas gerações do trabalho escravo. Da escravização ao tráfico. Dos pseudo-estágios. Da exploração produtiva. Da violência urbana e rural. Da leitura, somos então lembrados da militarização compulsória, doentia. Da brutalidade, da devastação. 

Muitas imagens recentes em noticiários internacionais nos confrontam com crianças armadas em ancestrais guerras étnicas, pois já não podem ser chamadas de civis ou militares, menos ainda religiosas. Críticos remetem à Cidade de Deus, a outras histórias de guerras, de brutalidade, de desumanização. Pouco mais de uma década nos separa do início dos conflitos retratados por alguém que foi vítima e algoz, mas conseguiu escapar e relatar.

E ao falar do sobreviver e do perder, o autor é que nos remete à uma re-humanização, ao resgate da alegria de viver e de lembrar, de ouvir e contar histórias. 

Iniciei pelo subtítulo, que já é um chamado à leitura. Sugiro agora a leitura das orelhas do livro, com apresentação da obra e do autor, que já inquietam e tornam difícil deixá-lo de lado. Ao final, sei que nos irmanaremos nas emoções, nos ideais revigorados. Talvez, também nas lágrimas.”